O Espectro continua rondando...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Estamos vivendo um momento medíocre? - 2ª parte


E aí cambada,


Abaixo a opinião da psicóloga Cecília Coimbra sobre o momento em que vivemos. Porém, aproveito pra falar pro povo largar de ser tonto e ficar comprando a merda da V*** com a capa do Che pra ficar passando nervoso e comprar as revistas progressistas como a Caros Amigos, Le Monde Diplomatique, Fórum etc. Os Civitas não precisam de $$$ pois já têm mais de 1 milhão de reaças que dão grana pra eles só através da V***. Já as progressistas quando batem recorde é de 15 mil exemplares vendidos. Sem contar que o governo federal ao invés de democratizar a mídia, fica enfiando $$$$$$$$$$$$$$$ no rabo da mídia gorda - e acha que eles vão deixar de tentar dar o golpe! tsc, tsc, tsc...

Quer ler essa porcaria e passar raiva ou dar risada da patetice é só ir a um consultório de dentista.


Até!





CECÍLIA COIMBRA, psicóloga


“A realidade está o tempo todo sendo produzida”


Na minha tese de doutorado Guardiães da Ordem – Uma viagem pelas práticas psi no Brasil do milagre, acabei dizendo que os psicólogos eram os guardiães da ordem. Vou juntar psicologia com história. E uma das características é a questão da intimização e da privatização. A psicologia acredita, hegemonicamente, que o sujeito tem uma essência, uma natureza; e que o psicólogo, especialista no ser humano, vai conseguir entrar e procurar uma verdade que está no interior do sujeito, o que é esse sujeito. Uma das características da psicologia é essa valorização do privado, do que está dentro do sujeito. Com meus conhecimentos vou dizer o que ele é e o que deve ser. O que será melhor pra ele.
E aí, o que é o modelo de família ajustada, de filho, mãe, pai. Vejo esse sujeito de forma abstrata, sem ser produzido pela história; e na história, sem ser atravessado por múltiplas forças em cima do contexto no qual está inserido. Esses modelos são os que a psicologia segue, sem nenhuma visão crítica de que está fortalecendo modelos que interessam à sociedade capitalista.
O segundo ponto, o familiarismo. No máximo me interessa minha família. Com isso desqualifico os espaços públicos. Eu me isolo deles. Isso é forte durante a ditadura militar, e ainda é forte essa concepção de que, no máximo, vou entender as relações que tenho com minha família. Tudo fica norteado ao interior do sujeito e à sua família.
As três características que a psicologia tinha muito fortes durante sua expansão no Brasil (intimização, familiarismo e psicologização de tudo) estão ainda hoje muito presentes nas práticas dos psicólogos. E essas questões não são pensadas. Alguns colegas, psicólogos, diziam “ué, vai fazer o estágio da Cecília?”, que era o estágio no Juizado da Infância e Juventude. “Mas aquilo não é psicologia, é política.” Esse argumento ainda está presente, no sentido de você desqualificar determinada prática, e tenta apontar que sua prática profissional não é neutra, não é objetiva. É uma prática o tempo todo política.
Esse positivismo, essa coisa do Descartes, do próprio Augusto Comte, ainda está presente na prática e no pensamento do psicólogo. Ele se acha um especialista, sim, que vai olhar objetivamente o sujeito e a realidade e dizer o que ele é e o que deverá ser pra ser um cidadão sadio, digamos. Nós somos muitas coisas. Você empobrece o indivíduo e o mundo quando diz “vou conseguir apreender objetivamente este mundo, este sujeito”. É impossível. Isto não existe. O tempo todo estamos produzindo realidade, principalmente os meios de comunicação de massa. Eles produzem a realidade. Não existe uma realidade em si, que tenha uma essência, uma natureza. A realidade está o tempo todo sendo produzida, como eu enquanto indivíduo estou sendo produzido o tempo todo. Eu sou produtor e produzido ao mesmo tempo. Produto e produtor.
Hoje a gente vê a questão da moral punitiva. As pessoas esquecem que a gente vive num contexto capitalista onde o que Foucault chama de biopoder, o poder sobre a vida, se impõe o tempo todo, e a sociedade de controle se impõe o tempo todo. Eu não preciso estar na prisão, na escola, como falava Foucault em termos da sociedade disciplinar. Hoje estou sendo controlada em espaços abertos. E o que mais produz subjetividades? Formas de perceber e agir no mundo? De existir e viver no mundo? São os meios de comunicação de massa. Que pregam toda uma lógica moral, punitiva e individualista.E o que a gente quer é punição, mais punição, como se fosse resolver. Onde abre mais concurso hoje para psicólogo é no Poder Judiciário. Vivemos numa sociedade de controle, numa política de tolerância zero, onde o Estado penal se maximiza, onde tem que ter psicólogo, pedagogo, assistente social. Para ocupar essa máquina penal que está se espalhando.

Um comentário:

Erik Bouzan disse...

E aí rapaz, legal o Blog, parabéns!!!

Pra constar: Acho muito legal e intressante o uso do blog para escrevermos e debatermos, acho que é , sem dúvida, uma forma de luta pela democratização das Comunicações.


Aproveito para divulgar o meu. Como eu acabei de mudar de endereço, ele ainda está em construção.

Blog do Erik

erikbouzan.blogspot.com


Saudações